Para Marly Vidal, viajar é uma paixão antiga. Em 2001, ela conheceu o projeto de roteiros de arte que costumamos realizar ao menos uma vez por ano. O destino, daquela vez, era pela Europa incluindo a região da Provença, na França. Não teve dúvidas de que seria mais uma oportunidade de estar em contato com um mundo muito maior, experimentando vida, arte e cultura em boa companhia.
Desta viagem, ela guarda as melhores memórias e algumas passagens que nos conta por aqui. Com ela também revivemos uma parte de nossa história e resgatamos sensações maravilhosas!
A Provença para ser vivida e lembrada
Navegando pelo Ródano, no interior da França, conheci a história da conquista da Gália (assim se chamava a região) pelos antigos romanos, e também sobre a colheita da azeitona, a busca da trufa em fazendas especializadas, assim como outros de seus aspectos econômicos e sociais. De fato, a experiência gastronômica proporcionada pelo restaurante a bordo, a convivência com o pessoal do navio, a algaravia das diferentes línguas e comportamentos é para ser vivida, não narrada.
Paisagens vistas às margens do Rio Ródano
Um novo olhar sobre a histórica Capela do Rosário
De família tradicional e conservadora, os Santos foram abolidos da minha formação. Nossa Senhora não fez parte da minha vida. Deus me foi apresentado como juiz, portanto, justo, mas julgador, disciplinador. O Cristianismo do qual eu fazia parte era o Protestante e a doutrina a seguir também.
Nesse contexto, visitar a Capela do Rosário, na pequena Vence, na Provença, seria apenas observar a quebra de parâmetros artísticos realizada por Matisse no seu interior. Inaugurada em 1951, é diferente, eu diria, única. É obra de um gênio, feita a seu gosto e subjetividade para assegurar seu objetivo: ‘Quero que os que entrem em minha capela se sintam purificados e aliviados de seus fardos’. Ainda Matisse: ‘Quero que os visitantes da capela sintam maior leveza de espírito. Que mesmo não sendo fieis, se encontrem num meio onde o espírito se eleva, onde o pensamento se aclara, onde o próprio sentimento se torna mais leve. O benefício da visita nascerá facilmente sem ser preciso se prostrar no chão’.
Vitral no interior da Capela do Rosário, em Vence
Matisse é o pintor das cores e foi jogando com as cores – o verde e o azul transparentes, o amarelo vibrante e opaco – que ele alargou espaços, imprimindo à capela uma sensação dimensional infinita, ajudado pelos reflexos proporcionados pela luz externa filtrada pelos vitrais coloridos. E o amarelo de Matisse é a cor do sol da Provença e o sol é luz – imagem de Deus. Esse Deus que, não sendo visto por olhos humanos, está presente na Capela do Rosário onde pode ser sentido.
Referências.
Escritos e reflexões sobre arte: Henri Matisse – título original: Écrits et propos sur l’art
Maitre de la couleur, autor: Volkmar Essers
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