Especialistas dizem que o whisky tradicional deve ter idade mínima de 3 anos, mas é a partir de 8, envelhecendo em barril de carvalho, que a bebida ganha respeito e sabor mais sofisticado. Em um blended, o whisky mais novo da mistura é o que determina a idade no rótulo. Além da questão do tempo, há outros fatores que fazem com que um whisky seja especial: sua origem, sua cor, a qualidade ou o tipo de barril. Enfim, em torno do whisky há muita História e um mundo de conhecimentos que às vezes nos escapa entre um gole e outro.
Mais do que uma ciência, degustar um bom whisky é um encontro único com sabores de terras distantes e com a tradição escocesa (ou irlandesa, ainda não há certeza sobre o berço da bebida), hoje, traduzida em muitos outros rótulos produzidos no mundo inteiro. Socialmente, isso tudo se eleva a uma experiência ainda mais significativa. Quem aprecia as sutilezas, os aromas em suas mais diversas intensidades no whisky, também gosta de trocar impressões e se aprofundar no assunto.
Essas conversas entre paladares, um terreno subjetivo vasto de memória e espaço para novas sensações, é um prazer sem fim. Para leigos ou conhecedores, nunca é demais dar uma olhada nas tendências que movimentam o mercado do whisky. Por isso, conversamos com o mixologista Alê D’Agostino, dono do charmoso e conceituado bar de drinks Apothek. em São Paulo, e considerado o melhor bartender pelo guia Comer e Beber da Veja, em 2018.

Alê gosta do destilado e acredita que o whisky pode ser mais do que uma bebida para ocasiões pontuais. Aliás, as atualizações no modo de produção até mesmo dos famosos escoceses, os scotchs, estão acontecendo justamente para que a bebida tenha mais versatilidade e apelo comercial. Apesar do escocês e do irlandês serem grandes referências de sabor e qualidade, os japoneses nos últimos anos ganharam destaque internacional, conquistando um público cada vez maior. Segundo Alê, a maior preocupação do produtor não é mais o tempo de envelhecimento no barril de carvalho. Hoje, existe uma atenção voltada para o próprio barril e o sabor que ele pode dar à bebida. Nos processos de aromatização entram os barris antigos já usados na fabricação de outras bebidas como o Vinho do Porto, por exemplo. Embalagens também vivem essa nova fase de modernização do whisky. A marca de single malt escocês, Macallan, está nesse momento, apostando em diferentes colorações como o Ruby e o Âmbar. O Macallan Ruby, sem idade definida, foi envelhecido em barris de xerez.* Muita novidade está por vir, bom para os paladares atentos!
E já que a ideia é abrir um outro olhar para a bebida, pedimos ao mixologista uma boa ideia de drink com whisky. Para isso, ele recomenda o bourbon americano, feito de milho e que geralmente é mais usado na coquetelaria por ser mais leve do que o escocês. Para misturar com o bourbon, Alê lembra de um clássico, o Old Fashioned, que leva gelo, açúcar, bíter e casca de laranja para finalizar. Para quem não abre mão do scotch, o Highball, pode ser uma ótima pedida, é só adicionar à bebida um pouco de água com gás. Há ainda outros drinks com whisky com tônica, xarope ou outros ingredientes para todos os gostos.
O whisky, palavra de origem Celta que significa água da vida pode ser forte demais para alguns e perfeita, na medida, para outros. Puro, com gelo ou água, em drinks ou como for, ele ainda é sinônimo de maturidade e apuro. Uma bebida para ser apreciada com calma e em boa companhia. Degustem com moderação e apreço!
Também sugerimos a leitura do livro O Mundo do Whisky na Dose Certa, do Milton Pires, um manual para iniciantes e conhecedores e o blog O Cão Engarrafado, escrito por Maurício Porto, que depois de uma viagem à Escócia, tendo visitado diversas destilarias, se apaixonou definitivamente pela bebida. Hoje, ele escreve resenhas sobre os rótulos que conhece, novidades e orientações para que a experiência com um whisky seja a mais proveitosa. Outro detalhe interessante do blog é que lá é possível encontrar informações precisas sobre os tipos específicos do whisky, principalmente, o escocês, o irlandês, o japonês e o americano.
*Segundo Maurício Porto, do blog O Cão Engarrafado, “A justificativa para o no-age-statement da Macallan é que escolhendo barris por suas características e coloração, e não simplesmente pela idade, seria possível criar um produto que fosse tão bom quanto aquele com idade definida, sem ter de passar tanto tempo dentro de um barril.”