Percorrer a Rota do Cangaço é entrar em contato com um Brasil profundo, de paisagens que guardam memórias e estradas que levantam poeira de histórias reais. Às margens do Velho Chico, o sertão se revela sem pressa: primeiro na força da natureza, então no encontro com modos de vida que resistem ao tempo.

Esta não é apenas uma viagem geográfica. É uma travessia cultural marcada por emoção, simplicidade e verdade.

A história da Rota do Cangaço

O cangaço marcou o sertão nordestino entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do XX. Nasceu de um tempo duro: secas severas, isolamento social e pouca assistência estatal para quem vivia longe dos grandes centros.

Literatura de cordel comum na região Nordeste com temas sobre o cangaço, como o sertão, Velho Chico, Lampião e cangaceiros
Literatura de Cordel: os livretos ilustrados com histórias do sertão

Embora o tema desperte opiniões divergentes, a figura de Lampião e seu bando entrou para o imaginário brasileiro. Suas histórias atravessaram gerações em cordéis, relatos orais e canções que ecoam como parte da memória cultural do Nordeste.

Guia pelo mapa da Rota do Cangaço

A Rota do Cangaço se desenha entre Alagoas e Sergipe,  já que acompanha o curso do Rio São Francisco. Essa região preserva os cenários onde ocorreram os últimos capítulos da saga de Lampião e Maria Bonita.

Mandacaru com frutos vermelhos no topo dos cânions com vista para o Rio São Francisco em Alagoas, Nordeste
Mandacaru – cacto nativo da região – sobre os cânions do São Francisco

Ao longo do caminho, surgem paisagens secas e belas, veredas estreitas e povoados simples. O sertão se apresenta como território de contrastes e autenticidade, sobretudo pela natureza e pela história que caminham lado a lado.

Piranhas: porta de entrada para um Sertão de Lendas

Colorida, histórica e acolhedora, Piranhas é a base ideal para quem embarca na Rota do Cangaço. A princípio, a cidade encanta pelas fachadas coloniais bem preservadas e pelo ritmo tranquilo de quem vive à beira do rio.

Casas coloridas em estilo colonial no centro histórico de Piranhas, no Alagoas, às margens do Rio São Francisco
Casas coloniais em Piranhas, Alagoas

Além disso, Piranhas tem uma atmosfera que convida à contemplação. O vibrante centro histórico recebe o vento que vem do Velho Chico, ao mesmo tempo em que a luz do fim da tarde repousa sobre os telhados. Tudo parece seguir um compasso próprio, distante da pressa das grandes cidades.

Vista do Mirante Secular na cidade de Piranhas, no Alagoas, às margens do Rio São Francisco com cânions ao fundo Mirante Secular em Piranhas: uma vista privilegiada do Rio São Francisco

A verdadeira Rota do Cangaço: como viver a expedição na prática

Para além de uma sequência de pontos turísticos, a Rota do Cangaço é vivida como experiência. A expedição combina barco, trilha, história, barco novamente, conversas e pausas generosas para assim sentirmos o caminho. O cenário muda a cada curva: o rio abre passagem entre paredões rochosos, a natureza se espalha em tons de verde e marrom, e o chão rachado pelo sol lembra que o sertão é feito de força e sobrevivência.

Barco pelos cânions do Rio São Francisco em Alagoas, Nordeste
Cacto Mandacaru no sertão do Alagoas, Rota do Cangaço
Paisagens do sertão entre Alagoas e Sergipe

Essa experiência nos conduz por trechos navegáveis do Velho Chico, travessias entre cânions e visitas a comunidades locais. Em cada etapa, o passado se revela em fragmentos: ruínas, objetos, relatos dos guias e memórias compartilhadas que resistem porque ainda encontram quem as conte. É uma imersão histórica que, pouco a pouco, também se torna afetiva.

Travessia dos Cânions

Entre os momentos mais impactantes da jornada está a navegação pelos cânions do Rio São Francisco. De dentro do barco, as paredes de pedra parecem tocar o céu enquanto a água segue silenciosa e profunda. Em alguns trechos, o Velho Chico se estreita e ganha tons de esmeralda. Assim, o rio revela sua intimidade — e o sertão, sua grandeza.

Pessoas passeando de barco pelos cânions do Rio São Francisco em Alagoas, na Rota do Cangaço
Grupo da Donato nos cânions do São Francisco

Gruta de Angicos

No lado sergipano do rio, a Gruta de Angicos – ou Grota do Angico – é o ponto mais emblemático da Rota do Cangaço. Assim que passamos pela pequena trilha, cercada de xique-xique e mandacarus, chegamos ao lugar onde Lampião e Maria Bonita foram surpreendidos por uma tropa volante em 1938.

Gruta de Angicos em Sergipe, local onde Lampião e Maria Bonita foram assassinados por uma tropa volante em 1938
Marco histórico na Grota do Angico — local onde Lampião e Maria Bonita foram mortos

O clima é de respeito. Não se trata de glorificar violência, mas de compreender um capítulo duro e real da história brasileira. O silêncio da gruta contrasta com o peso dos acontecimentos que ali ocorreram. Estar neste local é um exercício de olhar para o passado com responsabilidade, bem como sensibilidade.

Sertão que acolhe: gastronomia e conexões humanas

Se o sertão tem fama de árido, por outro lado, sua mesa se mostra generosa, afetiva e cheia de sabor. À beira do rio, o almoço pode vir servido com moqueca ou peixe fresco assado na brasa, farofa, carne de sol e a tradicional macaxeira. A culinária ribeirinha carrega memória e simplicidade, construída com ingredientes da terra e do rio.

Peixe frito no restaurante Flor De Cactus em Piranhas, Alagoas, com vista para o Rio São Francisco
Peixe frito às margens do São Francisco | Crédito: Restaurante Flor De Cactus

Mas comer no sertão vai muito além do prato. É compartilhar histórias com os cozinheiros, ouvir causos contados com humor, entender a importância do Velho Chico para quem depende dele. Há sempre tempo para um café passado no pano, porque hospitalidade não é protocolo. É essência nordestina.

Viajar pela Rota do Cangaço também significa respeitar essa cultura, valorizar o trabalho de artesãos, apoiar os guias locais e reconhecer que turismo responsável transforma — não apenas quem recebe, mas quem viaja.

Artesã alagoana fazendo peça com palha entrelaçada
acessórios feitos em palha por artesãs no Alagoas
Acessórios feitos pelas artesãs do sertão alagoano | Crédito: Turismo de Alagoas
trabalho de argila, artesanato tradicional de Alagoas e Sergipe
Trabalho do artesão Claudio Henrique | Crédito: Turismo de Alagoas

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