Para uma trajetória de vida permeada por altos e baixos, a sabedoria de manter o astral lá em cima pode parecer mágica ou algo impossível. A professora de Português e Literatura, Marly Vidal, encontrou sua fórmula particular de contornar o imponderável e cultivar intensamente os momentos de alegria. Sobre isso e mais um pouco, conversamos recentemente para nossa série de entrevistas com quem nos inspira MEU TEMPO NO MUNDO.

Marly Vidal em foto por Victor Affaro
“Eu tenho uma alegria que não me deixa mesmo nos momentos mais trágicos da minha vida, como foi a morte de um dos meus filhos. O que aconteceu foi indecente, muito doloroso e mesmo assim eu encontrei um motivo para viver. Eu tinha outro filho e tinha a minha vida, que é um privilégio sem igual e tem que ser vivida. Não é fácil, mas a gente tem que alimentar a chama da vida! Como alimentar essa chama? Eu gosto de mim, já cheguei a essa conclusão, e também gosto de muitas coisas como ir ao cinema, trabalhar, conversar, viajar, ler. Eu arranjei uma forma de viver assim. Durmo de madrugada, enquanto o mundo está parado estou com as luzes e as ideias acesas” nos contou Marly logo no início da entrevista.
“Tristeza não paga dívida, então temos que deglutir os problemas, não se amargurar e nem se apegar aos traumas. É importante reconhecer quando precisamos de ajuda, que não temos condição de lidar com a vida sozinhos e isso é natural. Pedir ajuda médica ou de amigos, mudar o foco, fazer algo novo, sair de casa”, completou. Para ela, sair de casa não se resume a uma volta no parque ou visitar um museu, como também adora fazer.
Parte da sua vida é dedicada às viagens, uma paixão antiga, que nasceu numa aula de Geografia quando tinha 8 anos. “A professora mostrou o globo e apontou onde estávamos, em São Paulo. Com uma varetinha de madeira foi passeando por todo o mapa. Atravessamos juntos o Oceano Atlântico e fomos parar em Lisboa, depois na Rússia e eu pensei é lá onde mora Dostoiévski e os irmãos Karamazov, personagens do romance que meu pai já tinha lido pra mim. Terminou a aula, fui para casa e não conseguia nem comer. Aquilo mexeu comigo.”
O episódio, sem dúvida, foi o grande ponto de partida para sua trajetória marcada por viagens inesquecíveis e alimento para seu espírito naturalmente desbravador. A cada ano, desde que começou a viajar, Marly elege um ponto do globo para conhecer. “Minha professora ainda se referia ao planeta Terra como a Nossa Grande Casa! Entendi logo que a Nossa Casa não era só o Brasil e isso foi se desdobrando na minha vida. Eu fui uma menina pobre, minha família era de fazendeiros que perderam tudo na crise de 29, mas cresci com esse sonho. Demorei 30 anos para ir à Europa e ela me seduziu. Sou eurocêntrica, não é bom, mas se me perguntarem qual o lugar mais bonito do mundo eu sempre vou dizer que é a Europa. Já fui pra outros lugares como África, território de escritores que admiro como Mia Couto, Canadá, Alasca e também conheço bem a América do Sul. É uma delícia andar por essa Nossa Grande Casa”, concluiu, e, por aqui, a gente só pode concordar, é claro!
Leiam mais sobre a série MEU TEMPO NO MUNDO aqui!
Vejam a seguir um trecho da entrevista da Marly Vidal:
Livro digital MEU TEMPO NO MUNDO
Juntamos todas as histórias dessa série em um só local.
Baixe gratuitamente aqui.